Hoje eu vi um homem sentado na beira do
viaduto lendo um livro. Sim, isso mesmo, lendo um livro. E ele tinha um riso no
rosto, um chinelo nos pés e uma expressão de estar aproveitando muito aquele
momento. Um momento tão raro, um momento tão seu, um momento que se perde em
nossos dias.
Era cedo, quase nove horas da manhã. O mundo enlouquecia em carros, buzinas, movimento. O dia estava nublado, cinza, bem cinza. E parecia que isso não fazia o menor sentido para o homem que estava sentado, com uma perna cruzada sobre a mureta do viaduto, lendo seu livro.
Era cedo, quase nove horas da manhã. O mundo enlouquecia em carros, buzinas, movimento. O dia estava nublado, cinza, bem cinza. E parecia que isso não fazia o menor sentido para o homem que estava sentado, com uma perna cruzada sobre a mureta do viaduto, lendo seu livro.
Avistei-o ao longe, na calçada que sobe e
passa por baixo do viaduto. Estava só. Voltava da academia, onde havia
descontado toda a minha ânsia de me libertar dos problemas corriqueiros do
cotidiano em socos e chutes na minha aula favorita de muay thai. Cansada e com o pensamento no restante do dia
turbulento que teria. E ali estava ele, o homem que lia sentado no viaduto,
calmo, rindo. Ele ria. E esse é o fantástico de toda essa cena. Pois poderia
passar despercebida por ele, poderia nem ter notado que aquilo era um livro,
mas meu olhar se perdeu no encanto da cena.
E nunca a hashtag que uso quase sempre
em minhas fotos fez sentido. A poesia do cotidiano estava explicita ali, em
forma de um homem que lia um livro na beirada do viaduto. Pensei em registrar a
cena, mas achei que não era necessário. A imagem mais pura da minha hashtag
favorita se fez presente nessa manhã e não precisou ser fotografada, ficou
guardada em mim.