Enquanto fechava as janelas não tirava da cabeça e da alma a sensação de estar sempre deixando algo para trás a cada partida. Tão difícil quanto fechar a janela e se privar da brisa é fechar pequenos ciclos do cotidiano. Seria mais prazeroso sentar no sofá e apenas deixar o tempo passar, mas nunca é fácil.
Queria se afundar e dormir sem fim, mas até fechar os olhos trazia as circunstâncias em mergulhar em pensamentos e sonhos. O inconsciente assusta bem mais que a realidade. O relógio tique- taqueando na cozinha obrigava-a a conviver com as lembranças de horas atrás.
Somente quando você se rende, se conforma, se acostuma a conviver com o passado que o ciclo torna-se mais brando, o maior problema é que quando ela já afrouxava seu coração, novamente um novo ciclo começava a se fechar e toda a dor voltava. Evoluir ao pé do calendário essa era sempre sua única chance.
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