Eis que a coisa mais importante
do momento é a despreocupação de olhar para a folha em branco e não pensar na
fonte ideal, no espaçamento, no parágrafo. Coisas do cotidiano que nos limitam
de uma forma ou outra.
Escrever livremente na fonte que for
como naquela em que você passou a sua infância querendo utilizar, mas nunca
poderia entregar em um trabalho da escola. O papel livre de denominações e
pontuações recorrentes, os emails pendentes, o que devo ou não devo receber do
programador desse mês. A arte de usar o branco em favor da própria arte. É essa
limitação que eu busco e ouso dizer que ainda não me senti a vontade para
conquistar. E é esse o espaço que está faltando.
Quase tudo hoje em dia não faz o
menor sentido, a coluna preferida no jornal, seu político ideal, seu amor
idealizado, seu prato de comida favorito, seu horóscopo que parece tratar de
qualquer um, menos de você. A vida e suas incongruências. Até as palavras difíceis
parecem fazer mais sentido do que o mundo ao seu redor.
O livro que você estava amando
ler destrói no final o personagem principal e toda a ideia que você criara do
herói. Talvez esse seja o ponto em questão: é com os não fazeres da vida que os
heróis descem do salto. E pensar que o autor terminou a história com o
personagem central montado em seu cavalo em busca do seu sonho idealizado. Ah a
vida, as linhas, as páginas, os brancos, os lápis. E sem pensar já corrigi a
fonte, o parágrafo, o espaçamento. O inconfundível vicio de ser sempre formal.
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