Charles Leval
Uma pequena
crônica de um dia semi perdido
Rasgo o verso em gritos prontos. Seco, feito papel. Passo
raiva feito poucos. Era para ser duplamente feliz, pois todo momento feliz só
faz graça se tiver mais um para rir.
Soco a tela, aperto sem parar a tecla. Resmungo baixo, pois
todos ouvem. Aperto sem parar o celular. "Eaí? Deu? Eita! Como
assim?". Apitando feito alarme a soar.
Atualizo e tento de novo, penso alto, Esse CEP tá certo? Não brinque ok, 500, Boa Viagem. Foi. E não foi.
Vinte segundos entre um clique e o fim. A dura palavra que
se destaca no topo da página, não pode ser já era. Só ano que vem.
O apito vira vibração e a tela um pisca-pisca ininterrupto.
E agora? Como escrever que não tinha ocorrido, o que deveria ter sido? Tristes,
poucas palavras ecoadas pelas teclas de um teclado de tela. Não deu.
E depois a frustração, jogada na cadeira. Todos ao redor
sem notar. O celular sempre a apitar. E então surge a raiva, os palavrões e a
tentativa sem chance de dar F5 na página travada. E lá no alto as duras letras
de um dia semi perdido.
Muitos vão chamar de drama de TPM vencida, mas não, é
apenas um assopro que empurrou mais para frente um plano traçado. Mas, todo
plano tem uma tecla mal sucedida, para que, lá no fim, bem perto da conclusão
ela faça parte de um teclado que irá escrever o enredo final.
E surge a dúvida, os por quês, as perguntas que não foram
feitas no momento da euforia do ponto anterior, pois uma parte foi concluída, a
outra ficou por 20 segundos.
Entre a raiva e a frustração surge à calma, pois ainda há
chance. E de chance em chance se faz outro apito na tela menor. “Eii, calma,
vai dar certo. 2015 é logo ali".