Leminski um dia
disse: "Repara bem no que eu não digo". E disse dizendo para aquele
que não ouvia por dentro. Hoje, eu, digo mais do que reparo. E ando dizendo
demais.
Perdoe-me poeta,
mas me perdi. Estou perdida em tantos dizeres mal ditos e tantos ditos mal
feitos. Logo eu que nunca dizia nada, só escrevia. Hoje em dia digo demais e
ando ferindo demais quem não deveria. Então faço promessas de não dizer mais
nada, mas sei que de nada o meu dizer é pouco. Digo muito aqui por dentro e
falo muito solta no vento.
Meus dizeres têm destino, tem caminho, mesmo
que nem sempre tenham sentido. Crio causos entre meus dizeres, me perco e digo
mais do que queria. Ou queria, mas não podia. Mas, só tenho a dizer a quem
sempre digo demais, que não mais viver sei esperando que repares no que eu não
digo. Não tenho mais tempo de espera, pois senão te perco nela.
Perdoe-me,
destino dos meus dizeres, por dizer demais o que sempre digo e por te ferir
demasiadamente com isso. Entenda que aqui dentro dormia um conto em branco que
vai se preenchendo conforme essa sucessão de dizeres vão se soltando. Serei um
dito mal dito tentando sempre ser bem visto por ti. E assim sigo, dizendo o que
digo, evitando tais ditos, aguardando ser visto e te esperando no final de tudo
isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário