Dias felizes começam com choro. Com lágrimas que caem sem motivo aparente, sem sentido comum. Pareciam lágrimas de uma derrota eminente. Não foram. Parecia premonição para o resto do dia.
As lágrimas eram de realidade, da vida dura que bate a porta da maioridade. Porém, o doce encanto do sonho ainda percorre uma cabeça que sempre viveu rodeada de nuvens.
E não demorou muito para elas aparecerem. O melhor despertar é o despertar e ver um bocado de letras que formam as já duas costumeiras palavras que unidas formam o nome. E quase sempre esse emaranhado de letras que tentam se juntar na visão meio embaçada pelo despertar, meio míope pela condição genética, trazem consigo o primeiro esboço de um sorriso.
O dia se percorre quase lento, vem os planos, as rotas de dias futuros, as esperanças de momentos marcantes, os esboços de fotografias que nem se tornaram reais ainda. E com isso vem outro sorriso.
A burocracia entra em campo e faz recordar sobre a realidade que a maioridade impõe, mas algumas vezes ela é positiva. E lá vem o terceiro sorriso.
Com a tarde quente, vem as conversas engraçadas da vida no campo, uma avó seminua gargalha com o susto que tomara a instantes . E lá se vem a primeira gargalhada.
A volta pra casa, as pernas para o ar, retorno atenção ao que toma meu ar, ao plano de outrora ao futuro de agora. A vitória eminente de ver o sorriso estampado no rosto de quem está longe, mas perto o bastante para ser sentido mesmo distante. Lá se vem a segunda gargalhada.
No resto do dia, o fim de tarde, o céu troca de cor, do azul vem o amarelado, o laranja e o rosado. A lua reina no céu estrelado. E nem a figura vista em tela de alguém que ressurge e talvez te leve, mas que nunca saberá o que pode tornar teu sorriso mais leve. E lá se vem a certeza de que a realidade amadureceu, mas que não se escondeu.
A noite tranquila traz o som da saudade, aproxima de novo uma bela amizade que uma distância, bem boba, quase criança, separou por um tempo. E lá se vem o sincero sorriso de alívio.
O dia se acaba e vem quase em graça. Cabeça refeita, travesseiro macio, sem peso nas pernas, costas. O dia termina em um breve sorriso. O sono mansinho se achega quietinho, me pega serena, cabeça em nuvens. Durmo sorrindo.