Entrou no carro, a cabeça em transe. Dirigiu sem olhar pra onde, sem saber o rumo. Seguiu adiante por diversos metros sem olhar pelo retrovisor, acabara de deixar para trás meio mundo e meio sonho. Percorreu ruas e avenidas e só se deu conta de que estava na rodovia quando avistou a ponte. Ligou o rádio e percebeu que os sons incomodavam, nada de melodramas, nada de batidas enlouquecidas de instrumentos que não existem, nada de som. Preferiu o barulho do vento batendo no rosto e do misto entre o carro e a sensação de se livrar de algo. Deixar de lado é diferente de abandono que é diferente de escolha. E foi feita a dela.
Quando notou que havia se passado um bom tempo desde a última conferida no relógio resolveu retornar para a cidade. A paisagem da volta não era mais a mesma, parecia que algo ali havia mudado. Ao descer do carro próximo a um belo jardim próximo da sua casa, sentou-se e recolheu algumas flores. As janelas precisam respirar o frescor da primavera. Trouxe-as para perto da sua preferida, ao lado da sala, com a vista privilegiada para as suas bromélias.
Ao cair da noite o telefone tocou. Era quem precisava ser naquele momento, mas quem não era esperado anteriormente. As coisas estavam mudando e a cabeça se esvaia em pensamentos que há dois dias eram impensados.
Um convite para uma conversa. Conversas não precisam de convites, mas sim de impulsos, seja ele o primeiro, ou o último. Então foi combinado, ao pé da mesa do pequeno aconchegante restaurante perto da Lagoa.
Nesse momento a questão era o próximo passo.
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