Eu consumo arte como se fossem balas. Preciso a cada segundo de um som, um sorriso teatral, um gesto dramático, algumas frases soltas. Em minha estante de palácios reservo a cada imagem um pedestal em que permeia a arte.
Visto de leves horizontes minhas necessidades, sentada em um canto estratégico da sala onde posso respirar e pensar aos olhos da imensa janela. Eu preciso de vento e flores, perto ou longe. Perto o quanto for tocável pelos sonhos, longe o quanto eu nunca possa alcançá-los por inteiro. Vivo em um imenso catavento de ilusões e planos, mas vivo sempre de arte. Descobri que meus bloqueios são sensações que nunca experimentei, todas breves.
Eis que me exponho como as páginas do livro que leio, serena, no metro. A doce voz ao meu redor me envolvendo em bucólicas lembranças da minha infância perto da natureza, do mar dos meus fins de semana. Eis uma breve descrição dos meus sinais.
Escrever em primeira pessoa é saber que a arte te expõe por completo. Quanto a escrever por meio da voz de outros é vestir-se de inúmeras capas que podem nos levar a qualquer lugar, circunstâncias novas. Não julgo nenhuma opção, sou adepta das trocas e mudanças que a folha em branco nos propõe. As brancas, bege e belas, brancas amareladas folhas, digitais ou não. Eis as gavetas dos papéis e textos dispersos com a letra feia mais caprichada que existe.
Viver de arte é um oficio momentâneo, procuro encontrar sua resolução máxima. Desacredito naquilo que não posso acreditar, ou seja em nada que não tenha arte. E prevejo que não há nada que não possa ser vista com um pequeno detalhe dela. Reinvenção de linhas, gestos, sonhos. Meu lema, minha fé. Amor.
As palavras, as vozes, a arte, me confortam. Escrevo ao rodapé aquilo que nunca gritei.
principalmente é arte viver de conflito.
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