quinta-feira, março 21, 2013

Abotoaduras do cotidiano



Alguns traçados dados como certos por vezes não saem como o combinado. Aquilo que estava nos planos, nos sonhos e já nos dramas pode simplesmente voar pela janela mais próxima. Chances e mais chances estão por todos os vãos, mas são tão difíceis de serem tiradas das entranhas dos azulejos e tacos soltos.
Por baixo do piso há sempre algo preto e nebuloso, obscuro por vezes. As chances são expostas, oferecidas como mercadoria em uma prateleira lustrosa de supermercado. Só que nem sempre são essas as que o seu traçado tinha traçado. O depósito sujo e mal organizado pode guardar diversos utensílios perdidos, sem uso, mas que são úteis.
Alguns traçados levam tempo para darem certo, outros são tímidos e meio tortos, mas não prometem um plano perfeito que tira as chances dos azulejos num piscar de olhos. Não, não é tão simples assim. 
Por vezes é mais fácil rasgar a folha e começar de novo. Sem traçados longos demais, pelo qual ele veja a chance de encontrar uma curva para voltar. São as linhas não tão retas que montam o esquema perfeito para retirar as chances dos cantos do piso.
Os rodapés estão presentes, são pratos cheios para se lambuzar, mas ao menor toque desmontam, rasos e soltos. Assim como os pisos soltos e os azulejos que cobrem as chances. Amontoados de abotoaduras que pregamos lentamente em nosso traçado original que já ganhou tantas voltas e remendos que nem sabe mais se o título original ainda lhe cabe.
De certo ao menos o traçado de amanhã, estando presente ou não pode indicar o primeiro fio para retirar uma chance de baixo do azulejo seguinte.