segunda-feira, setembro 27, 2010

O despertar da consciência

É sábado e Paulo se encontra ao som de sua música preferida sentado no sofá da sala com uma pilha de documentos para entregar segunda de manhã. A tela do computador pisca, enquanto sua caixa de email está explodindo de problemas para serem resolvidos até o final do mês.
Pensando em uma nota do jornal que vira naquela manhã, Paulo se intriga por ter sido afetado por uma tão pequena notícia sobre a vida de um estudante que caminha horas e horas para chegar a escola e mesmo saindo frustrado com seu aprendizado repete essa rotina todos os dias, e ele dizia "mesmo que não seja boa, preciso dela para poder mudar de vida".
Paulo nascera em uma família de classe média, havia estudado em uma escola boa e sabia o quanto seus pais tinham sofrido para manter ele e sua irmã mais nova dentro de uma escola que propiciaria a eles uma educação de qualidade.
Formado em administração Paulo era funcionário público de renome e trabalhava na prefeitura de sua cidade. Ganhava bem, mas trabalhava muito, tanto que nem tempo para suas coisas ele tinha. Sofria muito por não ter tido espaço para consolidar uma família, chegara aos 30 e estava só.
Na manhã daquele sábado, véspera de eleição, ao se deparar com a notícia do garoto em sua luta por melhoria de vida, Paulo se viu surpreso. Ele não teria dado nenhuma atenção senão fossem pelos últimos acontecimentos que vivenciara em seu trabalho naquela semana. Seu gabinete havia sido acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, principalmente das verbas que iam para a educação. Todos estavam sendo investigados. Paulo sofrera um golpe profundo, pois durante anos trabalhava com aquelas mesmas pessoas, na qual, quando havia tempo livre, saia para beber ou jogar conversa fora.
Envolvido demais com seus problemas, Paulo não havia notado que a condição de vida de seus companheiros subia rápido demais, enquanto ele penava horas a fio para manter o mesmo salário de quando havia começado. Em baixo de seus olhos os erros aconteciam.
A honestidade do ser humano vem de sua criação, vem de seu caráter, vem de seu consciente. Paulo era honesto, mas convivia em ambiente que burlava essa regra fundamental no ser humano.
Ao ler a nota no jornal, ele percebeu que todas as ações que fazemos dentro de nossas vidas refletem na de outras pessoas, mesmo que não tenhamos consciência disso. Paulo estava sendo conivente sem ao menos saber. A corrupção estava em seu dia a dia, em seu monte de papéis sobre a mesa, na sua caixa de emails lotada.
E quem sofria as conseqüências era aquele garoto, eram inocentes que não tinham condições de ter um futuro melhor se não fossem perseverantes em busca de seus sonhos.
As vésperas de um momento tão marcante para o país, Paulo resolveu que iria mudar aquela situação e ser como o garoto da notícia que se esforçava para ser um ser humano melhor apesar de todas as dificuldades. Paulo, deixou seus problemas de lado por um instante e abriu os olhos para o mundo ao seu redor, para como estava sendo cego com a sociedade e com o mundo em que vivia. O quanto seu egoísmo o afastava dele mesmo e de tudo que havia aprendido em sua vida e achava que pratica, quando na realidade nem ao menos de lembrava. Paulo cresceu, renasceu, escolheu lutar.
Na manhã seguinte acordou bem cedo, correu pela orla e respirou o ar puro que vinha do mar, como a muito não fazia. Não imaginava o quão branco estava ao se olhar no espelho e notou que não tomava sol a um bom tempo. A cor dos seus olhos mudou e um novo brilho determinado ressurgiu nele. Aquele brilho da época da faculdade, dos debates inflamados pelo seu ponto de vista, da participação em eventos importantes para a construção de melhorias para sua cidade. Um tempo no qual havia se vivia.
Paulo votou com consciência, com dignidade, acreditando que poderia mudar sua vida e daquele menino.
Ele era poderoso, mesmo que fosse por apenas alguns segundos apertando os botões, ele estava poderoso. Seu poder emanava pelo seu olhar, pela sua determinação. Mesmo sabendo que sozinho não poderia fazer nada, ele se sentiu no dever de fazer o certo e sabia que escolheu com consciência e com convicção.
Paulo não errara, seu pequeno gesto de consciência poderia mudar a vida do garoto da nota, do seu vizinho, dos seus companheiros corruptos de trabalho, mudou a sua vida.
Cada ato consciente pode mudar um país, um mundo. E o olhar volta a brilhar.

domingo, setembro 12, 2010

Carnaval só ano que vem

Boa noite! Desculpem pela demora nas postagens, estou voltando a ficar com meu tempo mais curto, as provas, os seminários estão com tudo nessas semanas, além disso estou em um projeto paralelo estudando e lendo muito.

Hoje vou postar um texto sobre o carnaval que fiz para meu seminário na aula de Patrimônio Imaterial. Ele está curto porque precisei ser muito breve por conta do tempo da aula. Só estou postando-o porque quem me conhece sabe que sou muito fã dessa grande festa popular tão famosa no nosso país.

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O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e democráticas do mundo. No Brasil, o carnaval é a festa mais popular do ano e a que maior recebe pessoas e expectativa durante todo o ano.



O carnaval brasileiro tem origem em uma tradição portuguesa chamada Entrudo. Suas características eram marcadas pela presença de negros e mestiços que jogavam uns aos outros, água, ovos, farinha e limões de cheiro. O entrudo acontecia em um período anterior a Quaresma, no calendário cristão, por isso possuía um significado de liberdade que, muitas vezes, trazemos até hoje.
O Entrudo nunca foi bem aceito pela classe alta da sociedade brasileira, principalmente a carioca, por isso ele foi proibido diversas vezes. Entretanto, sua força perante a população era marcante, o que resultou em sua permanência.
Dentro da parcela mais rica da sociedade havia o costume dos bailes de máscaras, tradição que veio da Europa durante o século XIX. Eram realizados em teatros e salões freqüentados pela elite. Com sua crescente popularidade a “mascarada carnavalesca” começa a ganhar popularidade e fôlego, espalhando-se pelas ruas do Rio de Janeiro. Por volta da segunda metade do século XIX os mascarados desfilavam pelas ruas a pé ou de carros puxados por cavalos, exibindo toda a exuberância de diversas fantasias que muitas vezes beiravam o exagero e o ridículo.
A partir dessa enorme popularidade as mascaradas carnavalescas são também aderidas pelas camadas mais baixa da população, da fusão do entrudo com as mascaradas surge o Carnaval brasileiro e todas as suas peculiaridades.
No século XX com o avanço do samba dentro da sociedade, o carnaval acaba aderindo-o em suas festas. A partir disso são criados os primeiros blocos de rua, as chamadas Grandes Sociedades e os Ranchos, que posteriormente se tornariam as Escolas de Samba. A farinha, o limão e os ovos, do entrudo, são substituídos pelo confete e lança-perfume. A partir do século XX, o carnaval ganha forças por todo Brasil estando presentes em quase todas as localidades.
A prtir de então, ao longo de todo o século XX e XXI o carnaval brasileiro ganha destaque por sua diversidade dentro de todo território nacional. Podemos encontrar diversos tipos de festejos do carnaval, o de rua, as escolas de samba, o carnaval baiano, o de Recife e Olinda, entre outros.
O carnaval de rua é característico de diversas localidades como Salvador, Recife, Olinda, Ouro Preto e Rio de Janeiro. A presença de blocos, agremiações, cordões e bandas caracterizam esse tipo de festejo popular, dentro deles não existem distinções sociais, nem econômicas, todos são iguais durante a festa.
As escolas de samba, tão famosas no Rio de Janeiro e em São Paulo, fazem parte de uma estrutura carnavalesca diversa dos carnavais de rua. Existe dentro dos desfiles de escolas de samba uma diversidade enorme, ele é divido em alas, bateria, comissão de frente e diversas outras modalidades. A partir de toda essa reunião de características o samba-enredo foi tombado como patrimônio cultural imaterial brasileiro.



Além do samba, a democracia do carnaval brasileiro abre espaço também para o frevo, o axé, o maracatu, as marchinhas e diversas outras musicalidades regionais que compões diversas festas carnavalescas pelo país.
Com isso podemos concluir que o carnaval é uma marca de uma grande população brasileira amante dessa festa, que seguiu a rota dos salões e bailes, mas não perdeu sua resistência popular. O carnaval é uma festa que independente da vontade social e política se estabeleceu em todo o país. O povo passa de liderado à líder e torna o carnaval o maior espaço democrático do mundo, no qual reflete a oportunidade dos disfarces das máscaras e fantasias, talvez retirando nestes dias de folia a sua própria máscara, e revelando a sua verdadeira face.