terça-feira, junho 21, 2011

Pequenas crônicas de pés pequenos

Pequenas história de um pé pequeno que buscavam passos largos. A contradição de uma vida na distância dos seus atos. Os afazeres todos os compõe e os dispõem em suas limitações. A fatídica falta de privilégios sempre foi um mal a ser depenado.
Se o desenrolar dos acontecimentos sempre ancorassem em um porto de um mar calmo, o pequeno pé não iria tão além. Comparar passos e contos não o limitavam, o aumentavam em sua angústia da busca pelo futuro.
Pés descalços em beira de praia, soa como bossa nova, mas desperta como barulho de construção. A leveza do percurso não fazia parte dos planos do caminho. Segue dois, três. Curtos, mas não obsoletos. Segue quatro, cinco confusos e extensos. Segue oito, nove contidos, lentos.
O realejo ao fim da orla tira a sorte dos ligeiros pequenos pés e diz que a crônica do cotidiano nunca irá limitá-lo. Prêmio de consolação para o segundo lugar não tira o sabor da derrota. 
Pés calçados em fins de abril, grama rala e molhada. O tão maduro e quieto acontecimento não releva os pés. Segue-se adiante a passos de elefante.
A sabedoria de pés que brandam por clamor e vontade. Tire os pés da lama e os afunde em jacas, para rir, chorar e lamentar. O condutor da alma fica distante do coração e muito mais além da cabeça. Pode-se vê-lo lá de cima, mas nunca tirá-los do rumo.
Pés descalços no concreto. Te engolem na realidade da cidade que te consome. Desnuda seus planos e engraxa seu percurso. A desilusão é o temor da caminhada, mas sem ela os passos vão para trás.
Avante como um raio em dias quentes, pequeno como sua extensão em dias frios. Chuva escorrega, mas não derruba.
Pequenas crônicas de pés pequenos e dias largos. Calçado que aperta acelera a volta. Sandália solta afrouxa a alma. E o realejo sortido sorteia a sorte de mais um caminho.



sexta-feira, junho 17, 2011

O tom pastel voltou com tudo!

Em mais um escândalo das novas (velhas) tendências de final de outono os tons pastéis ganham novos (velhos) modelos e formas de utilização.
A decoração de interiores está repleta de cores neutras e envelhecidas dando a elas uma nova (velha) forma de referência ao tempo que estanca lá fora os objetos aqui de dentro. A maior inovação (velha) de finais de estação e inicio de inverno é a cortina cor de creme. Esconde a sujeira do dia-a-dia e concentra na sala uma doce sensação de acolhimento. Nunca soube que creme fosse cor.
Os tons pastéis sempre foram marcados por um ar mais vintage que proporcionam a sua casa a experiência do moderno (velho) baseado no antigo. Como aqueles velhos livros esquecidos na estante, com as páginas amarelas, mas com novíssimas (velhas) idéias. O clima proporcional nos deleita para uma viagem ao fundo do baú com aquele cobertor mais antigo, mofado, cheirando a naftalina, mas que mais esquenta. O frescor abriu espaço para o ar gélido. 
Os novos (velhos) planos não perpassam a cortina creme cor de nada e o ar do inverno não traz os flocos de neve que você nunca viu. A galocha colorida na lavanderia está na moda, mas ela não é cor de estação, vai para doação. O café de todo dia vira champanhe de fim de noite e o chá de camomila vira refresco de resfriado. Seus discos com música de praia voltam para caixa e o som lento retorna, isso se você tiver tempo de ouvir algo, outono é tempo de pendências que você acumulou durante os primeiros meses do ano. Sim, o calendário está no meio e com ele vem o inverno.
As novas (velhas) tendências marrons e negras chegam com o inverno, mas ainda não trocamos a cortina, nem tiramos o pó do outono da estante, vamos deixar para além.

quinta-feira, junho 09, 2011


"Mas é doce morrer nesse mar de lembrar
E nunca esquecer


Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver"
"

Rumos, rondas e rezas

Era tarde de terça-feira. Os papéis sobre a mesa. A poeria sobre o chão da sala. Correspondências se empilhavam perto da porta. A rotina estava enlouquecendo com o descaso para com ela. O destino não ditava mais seus planos. Quem buscava seu caminho agora era ele.
Os devaneios da noite anterior impulsionaram Paulo a seguir um novo percurso. Cansado de perder o chão aos 25 anos, sabia que o cotidiano o sufocaria bem antes que completasse 30. Não compreendia o por que de tanta angústia no seu ser, mas sabia que algo deveria mudar.
As conversas jogadas fora com pessoas pelas ruas ajudavam, mas também conflitavam. A solidão de cada ser perturba quando se encontra com a nossa. Nem a brisa reconfortava. O tempo não era o mundo.