quarta-feira, agosto 25, 2010

Humilhar-se nunca, humildar-se sempre.

O post especial dessa semana não é meu, mas reza da mesma cartilha que eu e faz parte do meu novo cotidiano, da minha vida, dos meus sonhos, planos e rumos.
O texto é da minha amiga Gabriela Mazetto, companheira de longas conversas no msn, devaneios pela vida, aventuras incomparáveis e de um novo movimento que surgiu dentro de nós. Somos um trio, não posso esquecer da minha xará amada que também está sempre presente, Thássia Burian. Além disso, destaque fundamental para o mentor dessa revolução de amor, parceria e sonhos, Eri.

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"Começo o post de hoje, com um tweet do Eriberto: "Humilhar-se nunca, humildar-se sempre." Precisamos criar esse verbo em nossa língua: Humildar.
A etimologia da palavra Humildade, vem de humus que significa estar em contato com a Terra...” – Eriberto Leão
Humildar-se, ao meu ver, é a pessoa ter consciência de que não sabe tudo, de que erra, pode errar, e que assumir suas fraquezas é parte da vida, é dever do ser humano...É ser gentil, generoso, paciente, enfim, tudo sinônimo de humildade... É você saber que não se vive sozinho, que se precisa dos outros, pra se ter alegria, pra crescer como ser humano... E que os outros também precisam de você, de sua ajuda, compreensão, do seu saber, da sua inteligência, das suas idéias, do seu “amor”...
Em uma pequena pesquisa sobre o assunto, um poema de Antonio Aleixo:

“Sou humilde, sou modesto;
Mas, entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p’ra nada.”

Também encontrei a seguinte definição: A palavra Humildade vem do Latim humus que significa "filhos da terra". Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade, honestidade e passividade. Por humilde também se pode entender a personalidade que assume seus deveres, obrigações, erros e culpas sem resistência. Assim, se pode dizer que a pessoa ou indivíduo "assume humildemente".
Aí encontrei uma pequena citação, justamente sobre As Sete Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e HUMILDADE.
As virtudes que mais se “encaixam” com Humildade:
Generosidade é a virtude em que a pessoa ou o animal tem quando acrescenta algo ao próximo. Generosidade se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca.
Diligência: A palavra diligência vem do verbo latino diligere, que significa amar; diligens (diligente) significa aquele que ama. Remédio para a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (diferente de pressa) com que pensamos no bem e nos dispomos a realizá-lo da melhor forma possível.
Paciência consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido , capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade. A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar. Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância. A paciência também é uma caridade quando praticada nos relacionamentos interpessoais.
Coloco um trecho de um livro: “O Essencial da Vida”, que explica bem, o sentido do verbo: "Humildar-se é afastar o egoísmo que insiste em nos acompanhar, é tornar-se responsável pela felicidade dos demais. As pessoas que vivem assim são capazes de, ao agir, falar, aspirar e pensar, misericordiosamente, viver para os outros e para Deus - Hermógenes os chama teóides".
Humildar-se não significa ter de humilhar-se. O Cristo foi humilde. O Cristo serviu sem rebaixar-se.Se impôs e foi firme diante das massas, porém, com generosidade. Foi benevolente sem, contudo, ser fraco.
(Melhor exemplo a se seguir, do verbo humildar-se: Cristo!)
O humilde serve com o vigor de suas forças, pois ele é forte assim como foi Cristo; é caridoso sem se orgulhar, é misericordioso, sem se humilhar.Conhece o amor e a verdade que o Cristo deixou.
O humilde está armado de fé e temperança, por isso sê sim, mas sê humilde de coração e de alma, pois a humildade sim é exemplo de amor e somente o amor é que nos elevará ao Pai.”
Como diz Eriberto, quem teve as maiores doses de amor? Cristo!
E achei esse texto muito bom, de Marco Aurélio Ferreira Vianna, coloco um trecho:
“Na semana passada incorporei dois novos verbos à minha gramática. Com o mestre Hermógenes, aprendi humildar, que vem a ser uma derivação de humildade. Tanto humildar, quanto humildade, têm uma vinculação com a palavra latina humus, que significa terra fértil para receber a semente para uma futura colheita. Esta proposta, portanto, é que todos hoje têm de humildar-se, jamais humilhar-se (que também vem de humildade) diante dos fatos. Sem a subserviência da humilhação devemos ter a humildade de reconhecer que o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro".
Com um outro mestre, Mario Cortella, aprendi que esperança vem do verbo esperançar e não do verbo esperar. Esperançar significa criação proativa de um futuro melhor. Significa não só esperar, mas fazer. Significa ter uma forte participação na construção do que está por vir.
Repito as frases:
“... devemos ter a humildade de reconhecer que o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro.”
Isso é humildar-se! Saber e reconhecer que nunca chegaremos no topo de tudo! Teremos sempre algo, a conquistar, aprender, dividir...
“Significa não só esperar, mas fazer. Significa ter uma forte participação na construção do que está por vir.”
É a “tecla” que sempre batemos aqui! Temos que fazer a diferença! Não adianta esperar que o mundo mude! Temos que colocar a mão na “massa” e participar na construção de um mundo melhor!
Humildade é isso, é força de caráter, é conhecimento íntimo de seu potencial, os humildes geralmente são grandes, porém aos olhos do povo parecem pequenos.
Humildar-se não significa ter de humilhar-se. Tanto humildar, quanto humildade, têm uma vinculação com a palavra latina húmus, que significa estar em contato com a Terra, ou "filhos da terra".

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Vivendo a Revolução.

segunda-feira, agosto 16, 2010

Público x Privado

Hoje em mais uma fabulosa aula sobre História Contemporânea aprendi o conceito de Público e Privado, como ele surgiu no século XIX e sua relação com a sociedade atual. Através de toda as reflexões obtidas durante a aula notei que esse conceito de público e privado fundamentam a vida do ser humano desde sua separação. Antes não existia essa divisão, as coisas eram feitas em qualquer lugar, para qualquer pessoa observar, mesmo ações hoje consideradas imorais antigamente não havia essa distinção entre a intimidade das pessoas e a vida pública.
Com o tempo a necessidade natural do ser humano de poder ter seu próprio espaço, seu refugiu, seu abrigo, lugar onde se pudesse fazer tudo que fosse de sua vontade foi extremamente reivindicada. A divisão ocorreu com o tempo, surgiram novos cômodos nas casas, novos pensamentos, surgiu a descrição, o recolhimento do ser. A partir disso, as pessoas foram se tornando mais reclusas e a intimidade passou a ser sua maior companheira. Criou-se a solidão. Não havia mais espaço para a coletividade, pelo contrário, ela incomodava muitas vezes. Viveu-se somente para seu nicho social e o distanciamento dos demais foi se tornando cada vez mais frequente.
Ao ler o texto de Hannah Arendt "A Condição Humana" a professora nos questionou com a seguinte sentença: "Qual é a crítica da autora? Ela defende o Público ou o Privado?".
Ao lado da janela e da cortina em seu balançar incessante parei e pensei. O que está mais presente hoje? Vivemos em qual dimensão? Defendemos qual conceito?
Quando dei por mim julguei achar a resposta ao redor. Vivemos na esfera privada. Continuamos a saga dos que lutavam por sua intimidade, por sua descrição, porém distorcemos toda a luta do passado, o âmbito privado passou a ser mais que uma necessidade, tornou-se permanente. Não há como negar que em uma sociedade tão individualista como a nossa, no qual vida privada, nosso mundo particular, nosso universo limitado esteja tão presente e tão constante. Não há busca pela coletividade, não existe espaço para o próximo, nos tornamos solitários. Presos em nosso egoísmo.
Não podemos viver sem a construção da felicidade coletiva, não há como pensarmos em futuro sem nos unirmos, não vai haver mudança sem pensamento solidário. Estão aqui as palavras que mais faltam em nosso dia a dia: coletividade e solidariedade. Talvez possa incluir compaixão, perdão, amor e o bem.
Com a proximidade das eleições a agonia que me vejo ao não encontrar nenhum desses aspectos nas pessoas me faz ter mais forças para mudar essa realidade. Em nosso pequeno universo particular há espaço para a abertura de novas idéias, de aconchego de novos pensamentos, no efervescer de novos ideias e campo amplamente fértil para semear o bem e o amor.
Não há construção, não há mudanças prósperas sem coletividade. A esfera Pública precisa estar equilibrada com a Privada, para poder ser superior a ela quando o momento necessitar. A hora é agora. Não vamos acomodar com o que incomoda.

"Sonho que se sonha só é só um sonho, sonho que se sonha junto é realidade"

quarta-feira, agosto 04, 2010

Uma Noite em 67

Bom dia. Ontem fui assistir o documentário 'Uma Noite em 67' direção de Renato Terra e Ricardo Calil.
Em uma sala quase vazia, também pudera eram duas da tarde de uma terça-feira, estava eu sentada esperando para ver um dos filmes que retratariam um pedaço importante da História da Música Popular Brasileira. Já de início você se surpreenderia com as imagens da música que seria naquele ano campeão do festival, “Ponteio” de Edu Lobo, uma música de arrepiar que ainda ouço ecoando pela sala escura.
O documentário reuniu os maiores talentos do período, os cinco ganhadores, com entrevistas emocionantes e que muitas vezes retratam um passado no qual a vida não era tão fácil para a música. Não é nem necessário comentar o motivo disso a data no nome do filme já diz tudo.
De Gilberto Gil, passando por Caetano, Chico, Edu, Mutantes, MPB 4, Roberto Carlos e Sérgio Ricardo, além de depoimentos dos criadores e produtores do festival. Só por esses nomes você já poderia sair de casa para acompanhar o filme, porém o ingresso vale muito mais pelo conjunto da obra, as imagens são sensacionais.
O público é a personagem principal do filme, sua presença, sua participação e seu envolvimento com os festivais são extremamente chocantes para quem, como eu, não vivi a época. Você que está acostumado a ver platéias sem ação, aplaudindo somente quando ordenadas em programas de auditório, saiba que naquela época não era assim, o público encontrava nesses festivais lacunas para expressar seus sentimentos e angústias. A música revoluciona e muito.
Ao som de "Roda Viva" de Chico Buarque e o MPB 4 você se sente sentado naquela platéia aplaudindo um rapaz de smoking e mil idéias na cabeça que hoje em dia mal sabe terminar de cantar a própria música. Senti o Chico totalmente modificado nos depoimentos, mas também pudera isso já faz anos e ele mudou muito. Mas vi um Caetano Veloso com o brilho nos olhos como se estivesse ali cantando "Alegria, Alegria" na frente do entrevistador, mesmo sem lembrar os acordes no violão. Já Gilberto Gil via aquela época como o início do processo que o transformou no que ele é hoje com sua música, mesmo tendo sido carregado para participar do festival.
Sérgio Ricardo talvez seja o momento de maior polêmica do momento, ao ser vaiado pela platéia perde a paciência e não consegue concluir sua canção, quebrando seu violão e atirando-o ao público, você já deve ter visto isso antes.
Roberto Carlos e sua cabeleira cantando um samba é algo totalmente inovador para quem só o vê nos programas de finais de ano da Globo, agora sei o porque minha mãe adora tanto ele, era um galã na época, e prepare-se, você não vai estranhar de ouvi-lo interpretando um samba.
Ao final sair ao som de "Ponteio" de Edu Lobo, nos faz sentir o êxtase da platéia e viver dentro de um dos períodos históricos brasileiros mais intensos, através da música. Alguém que não viveu aquela época, como eu, sente-se presente nesse momento e mesmo sem saber o que é viver uma repressão política, sabe que a importância da música para os brasileiros é enorme. Ao mesmo tempo me sinto na obrigação de lamentar nossa geração por não conhecer a História da nossa cultura. A Música revoluciona, mesmo.


“É naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época”, resume o produtor musical, escritor e compositor Nelson Motta. O Festival de 1967 teve o seu ápice naquela noite. Uma noite que se notabilizou não só pelas revoluções artísticas, mas também por alguns dramas bem peculiares, em um período de grandes tensões e expectativas. Foi naquele dia, por exemplo, que Sérgio Ricardo selou seu destino artístico ao quebrar o violão e atirá-lo à platéia depois de ser duramente vaiado pela canção “Beto Bom de Bola”.

Recomendo esse mergulho no universo do final dos anos 60.