segunda-feira, agosto 16, 2010

Público x Privado

Hoje em mais uma fabulosa aula sobre História Contemporânea aprendi o conceito de Público e Privado, como ele surgiu no século XIX e sua relação com a sociedade atual. Através de toda as reflexões obtidas durante a aula notei que esse conceito de público e privado fundamentam a vida do ser humano desde sua separação. Antes não existia essa divisão, as coisas eram feitas em qualquer lugar, para qualquer pessoa observar, mesmo ações hoje consideradas imorais antigamente não havia essa distinção entre a intimidade das pessoas e a vida pública.
Com o tempo a necessidade natural do ser humano de poder ter seu próprio espaço, seu refugiu, seu abrigo, lugar onde se pudesse fazer tudo que fosse de sua vontade foi extremamente reivindicada. A divisão ocorreu com o tempo, surgiram novos cômodos nas casas, novos pensamentos, surgiu a descrição, o recolhimento do ser. A partir disso, as pessoas foram se tornando mais reclusas e a intimidade passou a ser sua maior companheira. Criou-se a solidão. Não havia mais espaço para a coletividade, pelo contrário, ela incomodava muitas vezes. Viveu-se somente para seu nicho social e o distanciamento dos demais foi se tornando cada vez mais frequente.
Ao ler o texto de Hannah Arendt "A Condição Humana" a professora nos questionou com a seguinte sentença: "Qual é a crítica da autora? Ela defende o Público ou o Privado?".
Ao lado da janela e da cortina em seu balançar incessante parei e pensei. O que está mais presente hoje? Vivemos em qual dimensão? Defendemos qual conceito?
Quando dei por mim julguei achar a resposta ao redor. Vivemos na esfera privada. Continuamos a saga dos que lutavam por sua intimidade, por sua descrição, porém distorcemos toda a luta do passado, o âmbito privado passou a ser mais que uma necessidade, tornou-se permanente. Não há como negar que em uma sociedade tão individualista como a nossa, no qual vida privada, nosso mundo particular, nosso universo limitado esteja tão presente e tão constante. Não há busca pela coletividade, não existe espaço para o próximo, nos tornamos solitários. Presos em nosso egoísmo.
Não podemos viver sem a construção da felicidade coletiva, não há como pensarmos em futuro sem nos unirmos, não vai haver mudança sem pensamento solidário. Estão aqui as palavras que mais faltam em nosso dia a dia: coletividade e solidariedade. Talvez possa incluir compaixão, perdão, amor e o bem.
Com a proximidade das eleições a agonia que me vejo ao não encontrar nenhum desses aspectos nas pessoas me faz ter mais forças para mudar essa realidade. Em nosso pequeno universo particular há espaço para a abertura de novas idéias, de aconchego de novos pensamentos, no efervescer de novos ideias e campo amplamente fértil para semear o bem e o amor.
Não há construção, não há mudanças prósperas sem coletividade. A esfera Pública precisa estar equilibrada com a Privada, para poder ser superior a ela quando o momento necessitar. A hora é agora. Não vamos acomodar com o que incomoda.

"Sonho que se sonha só é só um sonho, sonho que se sonha junto é realidade"

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