terça-feira, junho 19, 2012

Um faz de conta às escuras



Era sempre dia no faz de conta da noite. Dias sem fim, pequenos penhascos contraditórios. O horizonte nem sempre reservava algo de positivo, mas ela sempre esperava sua hora de reinar. E mesmo quando essa hora chegava, lenta, ás vezes cinza, cheia de nuvens que a escondiam, parecia sempre distante. 
Segunda, terça, quarta...A noite nunca tem tanta importância nos dias de feira, talvez só a sexta proporcione alguma importância a ela. Os fins de semana reuniam alguns destaques, mas era só algum pingo metido resolver cair que lá vai ela de novo se recolher ao primeiro reclame. E há quem diga que é de noites que os dias são feitos. 
Os pontos luminosos que alguns chamam de estrelas, respingos de luz, pontinhos coloridos, brilho no breu, o que for, estão sempre lá, são companheiros da noite, os únicos que são tão escondidos quanto a mesma. O faz de conta da noite é lembrar-se que o dia é sempre bem-vindo e que quando ela chega para reinar tem sempre uma meia dúzia para observar. E dizem que às escuras é que as coisas se revelam.
Não importa quanto alguns lhe deem atenção, a noite sempre vai viver em seu faz de conta, no qual o dia  será sempre obscuro para ela. Teime quanto for, é sempre dia no dia a dia da noite.

domingo, junho 17, 2012

Vida pré-fabricada



É chegada a hora de trocar as datas, inverter os papéis, remodelar aquilo que nunca pensou se mover. Adaptar-se. O corpo já se posiciona diferente quando essa palavra salta aos olhos. É sempre tão mais fácil se manter no lugar mesmo que o mundo gire no sentido contrário. Imersão em pensamentos longos, distraídos, rememorando aquilo que será perdido quando você se adaptar ao novo. Esse mesmo novo nem tão novo assim.
Fácil mesmo é quando tudo é remodelado com o tempo e as mudanças nem são sentidas, mas ser fácil não é o passatempo preferido da vida. Como diria o sábio "tudo é uma questão de encaixe" e ele estava se referindo a uma ou duas peças que faltavam no quebra-cabeça. Doce peças que nem sempre são encaixáveis, precisam ser reconstruídas. Reconstrução, ato de remontar, reorganizar algo pré-existente que não funciona mais, eis a peça da adaptação. E há quem diga que ela não existe, só mais um jeito de esconder tudo em baixo do tapete e esperar que alguém encontre e termine o que nunca nem começou.
Desvendam-se os segredos, as angústias, as lágrimas, mas nada pode ser mais doloroso do que se adaptar ao adaptado, ou aquilo que você achou que já estava encaixado. Limpe as peças, retire a poeira. Mesmo aqueles peões que são sempre iguais no tabuleiro podem revelar um novo caminho para o jogo. 
Viver de novo tudo sem enxergar que aquilo que parece estático pode se transformar em novo é varrer as peças para debaixo do tapete. Retire o tabuleiro do armário, renove as peças e adapte uma nova forma de jogar, sabendo observar que as peças previsíveis podem revelar um novo destino. 

terça-feira, junho 05, 2012

Lá fora



Eis que se espera um pouco de tudo e mais ou menos um pouco de nada. É assim que se passa a conduzir o que se pretende quando não se acha encaixe para todos os blocos.
Pequenas frases podem fazer diferença, como pequenos dias. São tantos, já estão por terminar. Era só o que eu pedia a cada dia. Aquilo que hoje reduz, ontem foi extenso.
Era de se esperar que certos sentidos se perdessem com o tempo, mas não com tanta frequência como ultimamente vem sendo. E as pistas que vão me apresentando para guiar o caminho tão obscuro de agora são flores e cores.
Escavando essa trilha com os dedos, sujos e cansados. Está na hora de buscar explicação fora da toca.