segunda-feira, novembro 22, 2010

O Bolo

Voltando a ativa para um post sobre variedade, ou melhor, sobre cinema. Depois de um tempora só escrevendo textos do Imensidão (um projeto que eu pretendo levar em frente no ano que vem) vim falar sobre uma das minhas paixões.
Começando por um curta que assisti semana passada no Festival Mix aqui em SP. O curta se chama "O Bolo" e tem Roteiro / Direção / Produção: Robert Guimarães.
O roteiro do filme é muito criativo e completamente diferente das comédias habituais. Por seu tempo limitado precisa convencer e além disso fazer o público prestar atenção, pois na sessão do Festival era o quarto curta e dois deles eram muito lentos o que causou sono em diversas pessoas da sala, que por sinal estava lotada.
E então aparece a genialidade do roteiro, pois, além de prenter o público o fez rir do começo ao fim.
Fabíula Nascimento mostra mais uma vez que o humor é uma de suas melhores fontes e mais uma vez mostrou grande performace como a recatada doméstica Dirce. Eriberto Leão também surpreende como Cadu, um patrão bonitão, mas com gostos um tanto quanto suspeitos para Dirce. Nota máxima para os dois.
Outro destaque é o cenário que muito bem montado não deixou a desejar em nada do começo ao fim.
"O Bolo" foi o mais aplaudido da sala e venceu o prêmio de melhor curta do festival. Merecido.





Sinopse:


Dirce (Fabíula Nascimento) é uma empregada doméstica religiosa que trabalha para Cadu (Eriberto Leão), um artista libertário. Umasequência de situações hilárias ocorre quando a moça prova o bolo de aniversário de seu patrão. Ao limpar a casa onde aconteceu uma festa na noite anterior, a jovem diarista se depara com as sensações provocadas pelo doce “mágico”, dado de presente pela amiga hippie chic Lili (Catarina Abdala), que despertam a sensualidade da empregada, que se vê atraída pelo patrão bonitão. Sem conseguir saciar seu desejo, ela encontra no porteiro Agnaldo (Flavio Bauraqui) a oportunidade de realizar suas mais secretas fantasias sexuais
ELENCO:
Dirce FABÍULA NASCIMENTO
Cadu ERIBERTO LEÃO
Agnaldo FLAVIO BAURAQUI
Lili CATARINA ABDALA
Gustavo KIKO MASCARENHAS
Bernardo FELIPE ABIB
D. Sura ANGELA RABELLO
Médico KAIKE LUNA


terça-feira, novembro 09, 2010

Árvores

Sentado na janela de um ônibus, observando os carros passar Paulo encontrava vestígios de um falso companheirismo cotidiano. A imensidão de pessoas na rua iludia os mais ingênuos sobre sua solidão. Reparando no passo apressado de cada uma delas, as suas infindáveis conversas ao telefone, ao seu olha vago nas calças, ao som perdido do trânsito.Virou-se para a pessoa que estava ao seu lado e perguntou:
_ Essa cidade é cheia demais – olhando fixamente para o velho senhor que distraído tinha se assustado com a súbita indagação.
_ Eu sei, meu filho, mas cada pessoa que passa por essas ruas tem uma história, tem uma vida – respondeu o senhor.
Paulo, novamente observou através da janela e disse:
_ Essas pessoas são solitárias. – resmungou baixinho fazendo com que o velho senhor fizesse um grande esforço para escutá-lo.
_ Ao que me consta, dizia através da janela do ônibus, a solidão de uma metrópole é uma pequena árvore que resiste ao fim da rua.
Paulo se confundiu com essa resposta, mas sorrio para o velho senhor que parecia satisfeito de ter tido essa breve conversa.
Descendo na rua de sua casa reparou nas árvores ao redor e sentiu que a brisa do mar estava novamente chamando por ele, como se o convidasse para um passeio pelos seus cabelos. Não resistiu e foi conferir qual era essa nova sensação que vinha daquela brisa.
Cada novo passo em direção ao mar significava uma nova experiência, uma nova sensação. Perto de sua pedra favorita ao canto da praia, sentou-se e mesmo com um sol que insistia em lembrar que a perda de seu chapéu era extremamente significante quando ele estava presente.
O diálogo com o velho senhor havia posto mais dúvidas na cabeça de Paulo. Vivia em uma cidade enorme, com milhares de pessoas, muitas vidas e muitas boas histórias para contar, mas insistia na convicção de que a maioria delas era solitária. Não sabia ao certo o que lhe proporcionava tamanha certeza, pois não as conhecia pessoalmente.
A brisa costumeira o fazia fechar os olhos cada vez que ganhava uma nova força. Um esboço de sorriso surgiu em seus lábios e fechando os olhos sentiu o cheiro daquele perfume que havia lhe tirado o sono. Um cheiro novo, mas que parecia tão presente.

quinta-feira, novembro 04, 2010

~_~_~_~

Aos pés do morro, descalços, sem rumo. O vento castigava seus já rebeldes cabelos. Logo adiante se via o soar das ondas batendo nas rochas. Era uma tarde de primavera, o sol era tímido, mas imponente. As dúvidas ainda persistiam e o chapéu se fora. O balanço do mar de agora era o silêncio de outrora.
Sentou-se ao redor de um pedra, observou o mar. Sempre foi difícil para Paulo aceitar que sua vida não era como havia planejado, geralmente as coisas nunca são como nós queremos. Houve um tempo em que sonhar era mais fácil, talvez seja porque quanto menos preocupações, mais tempo para idealizar. Era complicado demais resolver os problemas.
A leveza das ondas impressionava e ao mesmo tempo irritava. Por que era tão fácil para o mar ser sempre um motivo de sonhos e desejos? E se sonhar fosse como o mar por que é tão difícil atravessar a correnteza? Tenho certeza que nem ele próprio sabe.
O tempo passara e a brisa trazia o cheiro doce e suave da mata verde que se via ao redor do morro. A esperança renasceria no fim do dia.

segunda-feira, novembro 01, 2010

"O leite derramado sobre a natureza morta
Me choca, me choca
Me choca, me choca
Quando eu perdi você, ganhei a aposta
Não força, não força, não força
Não força..."