quinta-feira, dezembro 22, 2011

A geração do macarrão instantâneo


O presente, uma caixa pequenina onde cabe nossa manhã, nossa tarde, nossa semana, nosso mês. O presente no qual o agora, o instantâneo e o imediato são parceiros muito além de sinônimos. O passado é o ontem já distante, o futuro é o amanhã outrora longe, calculado, hoje anotado com dois, três rabiscos em uma agenda.
Rasgue a folinha do calendário e verá o tempo mais rápido. O tempo é constante, suas inconstâncias momentâneas é que fazem a sensação do seu relógio interno ser acelerado. Um minuto choveu, no outro escureceu, o sol saiu, ou é o inverso? Não sei, não tive tempo de olhar para o céu.
A geração do macarrão instantâneo nos consome. Século XXI computador em mãos, nos pés, nos olhos. Energia que se esvai perante o emaranhado de fios da sua mesa do escritório. Já dizia o poeta “o futuro a Deus pertence”, mas quem é Deus? Não sei, não tenho tempo para perder com fé. Fé, palavra erroneamente ligada a um passado, meu e seu, hoje.
Presente, dia a dia, presentismo dos nossos dias nos dão hoje: solidão, limites, prisão, paradoxos.
Entenda quem quiser, tire um tempo. 

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Desorganizado mundo meu


A sensação. Paira como uma brisa afasta-se lentamente. Era tarde de domingo, tenso e densamente povoado. Pessoas ao redor causavam o reboliço de muitos passos, o som que vinha do andar de cima fazia seu cabelo arrepiar ao pensar do porque precisam caminhar pela casa toda?.”desOrganizado mundo meu” dizia a plaquinha que pendurara verão passado em sua última faxina de planos, papéis e sonhos.Sabe-se pouco sobre, mas nunca o suficiente para não buscar mais. A curiosidade das pessoas é como um sala cheia, não adianta você se mexer, alguém vai sempre estar esbarrando. E elas não deixam de lotar.
O almoço estava servido, no jardim corriam algumas crianças, primos distantes, nova geração enjaulada que ao ver o verde já se sentem livres. O resumo de poucas coisas tornara-se irreal demais para ela. Desejava que Paulo estivesse lá, dividir essas sensações de solidão e presença com alguém que pelo menos entendia os rodapés da sua vida.
As pessoas conheciam seu passado, sua infância, mas não seu presente. O presente mais próximo era a fofoca sobre o moço novo que rondava sua casa. ‘Ah esses vizinhos... ’ lamentava quando sua mãe indagava quem ele era. Disfarçava com um leve sorriso e logo se voltava para o jogo de futebol sob seu jardim. Que horas eram mesmo?