domingo, dezembro 27, 2015

A busca

A paz
se esvai
se atrai
se distrai
se torna.

O que não está
mais
aqui
vai
além.
Se multiplica.

O coração
resta
com pressa
pelas frestas
quer ir
Não vai.

Amor
paixão
tantos perdões
ficou 
tornou
essa pressa,
brecha
do coração
em busca
de paz.

terça-feira, dezembro 22, 2015

Mãos no chão, pés no céu


Quando o céu se faz limite é quando não cabe mais em si todo um universo que está por vir.
Sabe, muitas vezes o coração é a porta de entrada para um mundo novo, composto de um milhão de sonhos, medos, anseios, desejos. É onde se pode guardar todas as estrelas do olhar, do pensamento. Todas as nuuvens de vontades.
Muitas vezes os pés no chão não são suficientes. É preciso ir além.
Quando o que nos limita é o universo interno é quando é preciso ir além.
O céu estrelado não deixa de ser nosso, mas ganha um universo para ser dele.
E então é onde todo o resto deixa de ser só o resto e se torna tudo.
O tudo.
Sabe, quando o que nos limita somos nós mesmos é quando há um mundo que nos mantém firmes no chão, quando o que queremos é manter os pés nas nuvens.
Todo mundo tem um lado sonhador, por mais realista que sejamos. A vontade de ser livre vai além, por isso é tão importante se perder em nós mesmos.
Um eu que se torna nosso. É tudo que basta, sabe?
E então é que começa fazer sentido quando nossos pés possuem o chão, mas sentem que o céu é o que os aproxima da plenitude. Aquela, no qual é possível sonhar e ser real.
Sem que um se desfaça do outro.
O meio termo entre o nosso céu e o universo. É isso que todo céu particular deveria buscar. Sem extremos.
É por isso que faz tanto sentido ter um céu tão seu na vida de qualquer eu.

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Raiva

Raiva.
Dos mínimos detalhes.
Mínimos
retalhos.

Mínimas coisas,
Minimas.
Mas máximas.
Quando se tem raiva.
Até do respirar.

Controlo nos dedos.
E conto.
O punho fecha.
A mão busca brecha.

Cerrados punhos de raiva.
Respiro.
Inspiro.
Não vejo.

Feliz do cego dos sentimentos ruins.
Feliz Deus dos acomodados,
desperte em si a magia do punho cerrado.
E o poder do desassossego.

No acaso

O meu acaso casualmente me fez de caso.
Me tornou parte do vago
do trago,
e do largo.

Larguei.
Larguei mão de ser vago
deixei de querer ser só um caso.
Me rendi ao fato de ser 
obra do acaso
eu ter que aceitar 
o que tiver que ser.
E se for pra ser, no caso.

Trago o que de mim sou,
vou,
dou.
Larguei.
Deixei.
Deixando..
E em todo caso,
serei só mais um acaso,
se for o caso.

sábado, dezembro 19, 2015

Imensidão

O mar tem de mim um tanto,
o tanto que me cabe.
Todo esse mar
que aqui 
faz morada.

O mar tem dessas
de se fazer casa
em quem só habita 
quando transborda.

Imensas fases,
ondas leves,
calmas,
bravas.
Intensas.

O mar tem dessas intensidades
tem desse vai e vem de maré
de troca de rumos
vento e brisa
em parceria.

O mar é imensidão
e tudo que transborda 
nessa morada
é tão intenso 
nesse peito
que me torna
mar.

sexta-feira, dezembro 18, 2015

Duas almas, um eu.


Segura?
O que?
A minha mão, não me deixa cair.
De novo isso?
Sim, de novo.
Você precisa ser mais cuidadosa.
Eu sei... na verdade não sei não. Não consigo.
Você nunca toma jeito! Ei, vai cair!
Segura! Olha só! A nuvem inversa!
Não vou conseguir te segurar sempre, menina!
Olha, olha, o chão tá mais perto que o céu!
Mas sua cabeça só vive em nuvens...
Eu sei.. olha, olha
O que? Não me solta!
Por que eu te soltaria? Eu nunca te soltaria!
Eu sei, mas eu preciso me lembrar disso.
Não precisa...
Por que?
Porque eu sempre te lembro...Olha, olha tá vendo? 
Tô vendo você, se segura em mim!
Não me solta! Olha o céu cor de laranja.. olha esse por do sol!
Não vou te soltar, por que eu te soltaria?
Não soltaria eu sei, mas é só para saber se você está aí ainda.
Estou, sempre.
Olha!
O que? O que você viu?
Seu rosto suspenso e sua surpresa em me ver te vendo.
É, você me surpreende toda vez, eu adoro não te entender.
E eu adoro que você me entenda, ou tente não entender.
Olha, olha a noite vem vindo..
Tem estrelas ali..
Se sentiu em casa, né?
Sempre. Eu sou da lua, das estrelas. Você é do dia, do sol.
É por isso que complementa.
Eu sei...
Eu sei..


Guarde todas as suas queixas para todas as minhas deixas



Brevemente te remontaria em espaços compactos
em laços intactos,
em grades sem força.

Há um encaixe exato,
onde todos os encaixes
se encaixam em seu olhar.

Há um controle exato
um pacto de fatos
em todos seus atos.

Quase nunca são queixas.
Por vezes, um me esqueça!
Mas no bem me quer das nossas deixas
é que não consigo te deixar.

Eis aqui um tudo ao redor
um nada maior..
Um tanto pequeno,
grande,
coração que se encaixa.
Sem grades,

sem mágoas.

Sou o que sou


Quando sei que estou bem é quando resolvo tirar um tempo para mim. Um tempo comigo mesma.

Tempo esse que me faz pensar sobre tudo o que se
passou. 

Tudo que sou.

Cada pedaço que deixei por aí faz parte de um eu que se
reconstrói todos os dias, todo minuto.

Sou uma constante inconstante. 
Mudo a cada figura, a cada fato, a cada ato.

Deixei de ser para me tornar o ser. 

Pensante, pulsante, aquela que busca em todos o que de melhor pode absorver. 
E sou eu. 
Uma definição cheia de indefinições daqueles que me importam.

Deixe-me comigo mesma. 

Sou o que me resume em uma folha em branco e uma possibilidade infinita ao lado de um lápis e uma taça de vinho..

sábado, dezembro 12, 2015

Paz

O querer da página em branco é a vontade de seguir.
O lápis em punho rabisca sem parar. Folhas soltas. Soltos versos. Gestos.
Faz do branco o tudo, o nada, a essência.
Criar o que se sente é libertador.
Livre. Traz de volta a liberdade do rascunho, da folha em branco.
Do sentido, sentimento.


Refugio

Há sensações
que não precisam
de nenhuma
explicação.

Há momentos
em que o bem amado
gosto de se sentir
amado
vale o dobro
do tempo em que se teve dúvida.

Há sentimentos
que se adaptam,
transformam,
não importa quão
disformes
tenham sido.

Há certezas,
dúvidas,
choros bons.
Emoções boas que te tiram o sono,
o medo,
dão conforto.

Deixam sorrisos,
daqueles que os olhos se encolhem,
para que todas as expressões
se irradiem em torno de uma sensação.

Há pessoas que te proporcionam
isso,
um tanto disso,
que te fazem tão bem.
Extremamente bem.

Morada

Foi tarde de verão
foi noite
foi dia na madrugada.
Foi quente.

Agora é frio.
Repele.
Mas ainda é quente aqui.
Nunca vai deixar de ser.

Há uma constante que diz
"fique, não tenha pressa"
o que vale a pena
modifica
reestrutura.

Teve nome,
teve na indefinição
a sua forma definitiva.
Habita ainda aqui.
E sempre terá morada,
pois todo ar gélido
acha conforto em casa.



Nota sobre a brisa

Aproveitando a calmaria da brisa que se mostra.
Em dias de sol é que a paciência se mostra como a virtude dos que tem fé no silêncio sábio de acreditar em si.

Ausência

Sabe quando você sente falta dos mínimos detalhes? Como do cheiro, do gesto ao colocar o cabelo atrás da orelha, da maneira como arruma o óculos no rosto, do andar, da falta de jeito, dos momentos desastrados, do pijama, do cabelo bagunçado pela manhã. Quando você sente falta de como dorme, do fato de se mexer constantemente, de rolar para o seu lado durante a noite, do mau humor matinal. Sente falta até da indecisão decisiva em escolher a roupa do dia, o chinelo, da confusão do dia a dia. Da carteira velha que você sugere trocar, mas acha graça da maneira apegada com coisas menores.
Sabe quando o que te faz falta é o dia a dia, a disciplina indisciplinada da rotina que você de fato nunca teve. Quando a falta se faz todo dia, toda hora e todo minuto.
Sabe quando você sabe que só quem importa faz esse tipo de falta, esse tipo de saudade. Sabe?

sexta-feira, dezembro 04, 2015



Logo vi que tudo que envolve, dispõe e absorve é o que te mantém nessa jornada. De crenças, descrenças e remadas em mar aberto.
Soltos feito oferenda vão seus sonhos a flutuar, seus medos alinhados à maré. Vão e vem todos os dias.
E nesse composto de vivências é onde encontramos nossa essência. Há quem a perca todos os dias, e outros que passam a vida buscando. O equilíbrio está em não perdê-la de vista nunca. Percorrendo essa corda bamba todos os dias, sem ousar olhar para baixo.
Rabisco ideias para manter essa essência intacta e sempre ao alcance dos olhos, longe ou perto, vive em mim na ponta do lápis. Nos olhos de quem me encanta.


Fica?



Quanto mais for
Menos se cria
Menos se guia
Mais se esconde
Mais se reprime.

Então fica
e faz dessa confusão
que aqui se formou morada.
Faz dessa falta de fuga
a essência da permanência.
Fica. 
E põe os pés na mesa,
tire os sapatos, os laços,
o gato da cadeira.
Fica.
Com a cabeça deitada em minhas pernas, 
com os olhos fechados enquanto um cafuné eu te faço.
Fica. 
E faz do jeito mais fácil,
se prende aqui no meu compasso
e me deixa mostrar que ficar 
é o que eu mais faço.


Dorme
que em sono
todo sonho vira morada,
vira descanso,
pousada.

Dorme
que em cada sonho
veja a estrada,
as chegadas
para a nova partida.

Dorme
que meus olhos se fecham
lentos, tranquilos
te vendo dormir.

Dorme
que essa calma que transparece dormindo
um dia te fato te encontre acordada.

Dorme
que eu velo teu sono
ficando de olho para que todos os seus quereres,
ao menos em sonho,
queiram te encontrar.

A menina do céu estrelado



A menina do céu estrelado
tinha o mundo aos seus pés
seus desejos quase sempre contados,
seus medos escondidos.

A menina do céu estrelado,
corre o tempo todo para onde possa ser entendida.
Mas se esconde das suas verdades.

A menina do céu estrelado é doce feito fruta madura,
mas tem casca em proteção para mordidas mais longas.


A menina do céu estrelado tem o dom de ter estrelas só dela, tem a sorte de ter quem sempre se deite e passe as noites velando seu sono, seus sonhos.

A menina do céu estrelado prefere céu de nuvens,
para que seus medos fiquem protegidos pela fina camada das certezas.


A menina do céu estrelado tem um brilho tão único, mas se perde em constelações que a ofuscam.


A menina do céu estrelado tem seu céu particular feito sob o concreto,
pois lá fora o céu infinito tem distâncias demais para suas vontades.


A menina do céu estrelado é simplesmente aquela que espera que a lua permita que o sol amanheça e aqueça seus desejos mais escondidos.


A menina do céu estrelado é feito uma estrela que sabe onde está, sabe exatamente onde é o seu lugar, mas não sabe que mesmo sozinha ela pode brilhar.


A menina do céu estrelado dorme em sua noite particular, se abre aos poucos para que elas saiam de si, mas sempre se esconde de volta por entre as nuvens.


 A menina do céu estrelado tem o dom se ser a mais amada do mundo, de saber dizer com o olhar, mesmo quando eles gritam por silêncio.


A menina do céu estrelado dorme sempre com o dia finalizado, com a lua se recolhendo ao centro do céu, mas espera por pontos finais que já foram finalizados.


A menina do céu estrelado dorme ao meu lado, um sonho inconstante, um sono constante de quem carrega o mundo nas costas.


A menina do céu estrelado devia deixar que o tempo passasse que as feridas que esconde cicatrizassem e deixar de se escorar em céus que não foram feitos para seu brilho.


A menina do céu estrelado é a certeza de que toda noite o dia nascerá e o o sol vai voltar, mesmo que ela mesma não saiba disso.

quarta-feira, outubro 28, 2015

O homem e o viaduto

Hoje eu vi um homem sentado na beira do viaduto lendo um livro. Sim, isso mesmo, lendo um livro. E ele tinha um riso no rosto, um chinelo nos pés e uma expressão de estar aproveitando muito aquele momento. Um momento tão raro, um momento tão seu, um momento que se perde em nossos dias.

Era cedo, quase nove horas da manhã. O mundo enlouquecia em carros, buzinas, movimento. O dia estava nublado, cinza, bem cinza. E parecia que isso não fazia o menor sentido para o homem que estava sentado, com uma perna cruzada sobre a mureta do viaduto, lendo seu livro.
Avistei-o ao longe, na calçada que sobe e passa por baixo do viaduto. Estava só. Voltava da academia, onde havia descontado toda a minha ânsia de me libertar dos problemas corriqueiros do cotidiano em socos e chutes na minha aula favorita de muay thai.  Cansada e com o pensamento no restante do dia turbulento que teria. E ali estava ele, o homem que lia sentado no viaduto, calmo, rindo. Ele ria. E esse é o fantástico de toda essa cena. Pois poderia passar despercebida por ele, poderia nem ter notado que aquilo era um livro, mas meu olhar se perdeu no encanto da cena.

E nunca a hashtag que uso quase sempre em minhas fotos fez sentido. A poesia do cotidiano estava explicita ali, em forma de um homem que lia um livro na beirada do viaduto. Pensei em registrar a cena, mas achei que não era necessário. A imagem mais pura da minha hashtag favorita se fez presente nessa manhã e não precisou ser fotografada, ficou guardada em mim. 

quinta-feira, setembro 10, 2015

Crônica do amor maduro


Se há uma coisa que o amor ensina é que não somos donos dele. Não há como fingir que não se ama quando começou a amar, podemos negar, negar muito, mas de fato, ele já te prendeu. Mas entenda, há um abismo enorme entre o que é amor e o que não é. E saiba que não existe como você deixar de amar, não se iluda amor não acaba. Amor modifica. E se acabou, tenha certeza, não era amor. Era paixão, loucura, vontade, tesão, mas amor, não.

Não temos controle algum sobre o amor, ele nasce, cresce e cria raízes em nós, mas não morre. Amor é eterno. Fica perpetuado em uma frase, um pensamento, um sorriso sincero no olhar, uma lágrima de dor, uma foto, um adeus. 
Lembre-se sempre, você não o controla, não é seu dono. Você é dono dos seus quereres, fica a seu critério querer ou não amar, mas o amor é livre. Nunca prenda, nunca sufoque, nunca esqueça. Se esquecer, não era amor. O esquecer que toda psicologia vende e todo ex te propõe é apenas a sensação de deixar o amor do outro livre seguir em frente. E só. Nunca deixará de ser amor. 

Não há poderes plenos, não existe controle. Amor é amor e ponto. Só quem sente sabe. Não existe o verbo sentir amor. Amor é presente, futuro, nunca passado. O amor do passado é aquele que se modificou e que pode se tornar diversas outras coisas, mas nunca pode deixar de ser uma forma de amor. Entenda amar é deixar o amor livre e ter certeza que essa liberdade só será plena em você assim. E que não estamos nunca livres deles.

Aceite todos os “eu te amos” que alguém puder te dar, mesmo que não seja recíproco. Saiba que, o fato de alguém dizer essas três simples e doces palavras, pode significar muito. Mas não solte “eu te amos” aos céus. Amar é saber o que é amor, não confunda momentaneidade com ele. Somos pressionados para viver o momento, paixões e loucuras. O amor é tudo isso, mas não só. Amor vive independente disso, essa é a diferença. E é por isso que muitas paixões nunca serão amores. Não trate como “eu te amo” quem é momentâneo.

Pedir para alguém deixar de te amar é ser cruel e egoísta com o amor. Não existe como, não há mapa, nem meios. E pedir para alguém te amar também. Amor vem como brisa leve, como chuva fina, como um olhar de despedida, como um roçar de cócegas que arrepia. Amar é saber que não existe como explicar o quanto você ama alguém. Mesmo que você não seja amado da mesma forma. Por isso, nunca peça para alguém deixar de te amar. É o próprio amor que se dará conta disso, quando souber a hora certa de modificar. Entenda, amor é livre e está condicionado a liberdade do amor do outro, mas nem sempre esse outro quer deixar de te amar, então deixe esse amor livre até o momento em que ele se modifique. E só.

segunda-feira, setembro 07, 2015

Amores vazios


Amores vazios não são amores.
Amores vazios te olham nos olhos
te dizem verdades,
te negam depois.

Amores vazios te afastam,
te repelem,
tem medo de ser amor.

Amores vazios não sabem amar.
Não se entregam,
não abrem as portas,
fogem ao menor sinal de amor.

Amores vazios repetem histórias,
se fazem memória
e vão embora 
no momento em que podiam 
sentir o gosto de ficar.

Amores vazios não deixam respostas,
te viram as costas
e perdem a chance de aprender 
a não respirar.

Amores vazios ficam a um passo
de saber o por que
são vazios.
Um passo,
de se fazer,
profundo,
de ser amor verdadeiro.

segunda-feira, agosto 31, 2015

Sabe?


Sabe, há certas coisas que não são maleáveis: um dia frio, um dia quente, um sorriso amarelo, um choro fingido, um coração partido, um regador moído.
Há coisas que nunca voltarão a ser o que foram, nem há como retroceder dias e momentos. Há saudades incontáveis. De lugares, pessoas. Mas sinto mais falta do tempo, do papo, das banalidades, do dia a dia, do sorriso frouxo, do brilho no olho. É o que mais faz falta. Mesmo estando aqui, sempre.
Sabe, certas coisas são irreparáveis, mas outras são incansavelmente eternas. E mesmo quando a saudade aperta, a distância empurra, eu volto para trás com o pensamento. Aquele, que te traz aqui. Da maneira que há de ser. Como o tempo permitiu ter. E basta, pois o tudo é tudo o que você condiciona para ser seu, mesmo com todas as imposições da vida. 
Há sempre uma memória que te desperta, te impulsiona, te traz de volta o riso frouxo e te transporta a realidade do cotidiano. E te faz sentir de novo aquela sensação de que foi tudo intenso até o fim ou, até que um dia encontre seu fim, sabe?

segunda-feira, agosto 03, 2015

Contornos

Solto feito conto 
envolto em todo um plano
desse tempo sem contorno.

Preso nesse dia
dia
mais um dia
que passa.
Arrasta.

Toda forma tem contornos
toda dor tem partida. 
O sorriso torto tem motivo,
tem retorno.
Sem retorno.

Na certeza da acolhida
faz do tempo recanto
esbarra na garra
na força
da vida.

Dia
a dia
vai levando
vai matando
vai guardando
vai brotando
sem retorno
sem saída.

quinta-feira, julho 16, 2015

Meio a meio


É tão difícil o meio termo,
meio que estou
meio que não estou.

Essa metade que você me permite
meio que um tanto,
meio que nem tanto.

Traz no fundo,
meio termo,
meio denso,
meio insosso.

Essa sensação meio tensa,
meio presa,
meio solta,
sem estar
e estando.

Dentro desses meios
tem um medo,
tem seu dedo,
tem um terço,
do que sobrou de nós.

Esse meio termo,
meio que entendo,
meio que condeno,
meio que você
impôs a nós.

E meio que em pedaços,
meio que de fato
é esse meio termo
que ainda nos refaz,
por inteiro.

Meio que aceito,
meio que sem jeito
fico nesse meio
que sobrou a mim.


terça-feira, julho 07, 2015

Leminski me entenderia. Ou não.





Leminski um dia disse: "Repara bem no que eu não digo". E disse dizendo para aquele que não ouvia por dentro. Hoje, eu, digo mais do que reparo. E ando dizendo demais.
Perdoe-me poeta, mas me perdi. Estou perdida em tantos dizeres mal ditos e tantos ditos mal feitos. Logo eu que nunca dizia nada, só escrevia. Hoje em dia digo demais e ando ferindo demais quem não deveria. Então faço promessas de não dizer mais nada, mas sei que de nada o meu dizer é pouco. Digo muito aqui por dentro e falo muito solta no vento.
Meus dizeres têm destino, tem caminho, mesmo que nem sempre tenham sentido. Crio causos entre meus dizeres, me perco e digo mais do que queria. Ou queria, mas não podia. Mas, só tenho a dizer a quem sempre digo demais, que não mais viver sei esperando que repares no que eu não digo. Não tenho mais tempo de espera, pois senão te perco nela.
Perdoe-me, destino dos meus dizeres, por dizer demais o que sempre digo e por te ferir demasiadamente com isso. Entenda que aqui dentro dormia um conto em branco que vai se preenchendo conforme essa sucessão de dizeres vão se soltando. Serei um dito mal dito tentando sempre ser bem visto por ti. E assim sigo, dizendo o que digo, evitando tais ditos, aguardando ser visto e te esperando no final de tudo isso.