segunda-feira, agosto 31, 2015

Sabe?


Sabe, há certas coisas que não são maleáveis: um dia frio, um dia quente, um sorriso amarelo, um choro fingido, um coração partido, um regador moído.
Há coisas que nunca voltarão a ser o que foram, nem há como retroceder dias e momentos. Há saudades incontáveis. De lugares, pessoas. Mas sinto mais falta do tempo, do papo, das banalidades, do dia a dia, do sorriso frouxo, do brilho no olho. É o que mais faz falta. Mesmo estando aqui, sempre.
Sabe, certas coisas são irreparáveis, mas outras são incansavelmente eternas. E mesmo quando a saudade aperta, a distância empurra, eu volto para trás com o pensamento. Aquele, que te traz aqui. Da maneira que há de ser. Como o tempo permitiu ter. E basta, pois o tudo é tudo o que você condiciona para ser seu, mesmo com todas as imposições da vida. 
Há sempre uma memória que te desperta, te impulsiona, te traz de volta o riso frouxo e te transporta a realidade do cotidiano. E te faz sentir de novo aquela sensação de que foi tudo intenso até o fim ou, até que um dia encontre seu fim, sabe?

segunda-feira, agosto 03, 2015

Contornos

Solto feito conto 
envolto em todo um plano
desse tempo sem contorno.

Preso nesse dia
dia
mais um dia
que passa.
Arrasta.

Toda forma tem contornos
toda dor tem partida. 
O sorriso torto tem motivo,
tem retorno.
Sem retorno.

Na certeza da acolhida
faz do tempo recanto
esbarra na garra
na força
da vida.

Dia
a dia
vai levando
vai matando
vai guardando
vai brotando
sem retorno
sem saída.