terça-feira, março 18, 2014

A outra metade

A impunidade nesse país é tão gritante que não importa quão absurdo possa ser o fato, como os tristes casos da Claudia e do Amarildo, eles vão passar impunes de uma maneira ou outra. Seja pelo tratamento como são dados pela mídia, seja pela impunidade latente da nossa justiça, seja pelo esquecimento e desconhecimento de boa parte da população. Somos todos vítimas dessa chacina contínua chamada sociedade. 
Eis aqui uma gota da revolta de alguém que se depara com o sofrimento de quem não pode gritar, nem ser ouvida. A violência atinge a todos. Não podemos nos acostumar com o absurdo, nem deixar de refletir sobre os efeitos deles na rotina desse país. A evolução parte do coletivo e esse é mais um ano decisivo na história desse Brasil tão desigual. E mais da metade das pessoas vão esquecer os casos. A outra metade vai ser taxada de chata, pois sempre irá se lembrar e buscar lutar. Escolha seu lado.


"Só falta alguém espremer o jornal
Pra sair sangue, sangue, sangue"










segunda-feira, março 17, 2014

Angústias

Aquela dor e aquela necessidade de sair do lugar sem se mover. Angústia, o passatempo dos que se ferem e preferem não se permitir tudo aos poucos e aos muitos. A limitação interior é o oposto do que se vende por aí, mas mesmo tentando, nem sempre é possível comprar seu antídoto. É preciso tomar doses de exemplos e desassossegos. 
Imaginar uma vida que não é sua sendo sua é tão comum quanto encontrar quem venda receitas para combater a angustia de um domingo a noite. 
É preciso abrir espaço para que seja possível criar laços, pois o único aliado da angústia é o medo, que feito uma moldura mal pendurada só faz serventia ao prego que sustenta menos peso.
Libertar-se para ser livre. Jargão de todo começo de semana que nem sempre surte o efeito desejado. 
Angustias de cada dia, livre-me da insônia que o resto eu equilibro na moldura da semana.

sábado, março 08, 2014

Cronologia de um eu

Houve um tempo em que o silêncio era o senhor da razão. A reflexão, o ato de se recolher em seu eu, era o ponto alto da sabedoria humana.
Haviam aqueles que se sentavam em uma pedra no alto da montanha, ou se escondiam em cavernas. Refletindo. Com o passar dos anos escrever, ler, se tornou uma parte importante desse silêncio interior. Não havia necessidade da fala se as palavras podiam gritar pelas folhas escritas.
Chegou um tempo em que o diálogo ganha sua função, dizer aos outros o que o eu está pensando, sentindo.
E nasceram as loucuras. Os gritos, a necessidade se partilha sem se perder. E foi nesse momento que partiu o ato da reflexão. Nos dias de hoje o diálogo evoluiu, se tornou modelado conforme cada eu. Nem sempre perfeito, nem sempre constante. O futuro promete a volta do silêncio, o diálogo com seus dedos e com uma pequena tela. Perca-se em um mundo recheado de egos confusos tentando dividir a atenção de um eu sozinho. Mesmo onde há sempre um lado positivo, a falta da evolução do diálogo ainda irá sufocar a humanidade dentro de uma caverna, ou escondido em uma montanha que cada um lapidou.