quinta-feira, maio 15, 2014

Polvo



Todos os rostos
Pouco negro,  pouco branco
Um cor de rosa
Uma cor de jambo

Um pálido embaço de uma indecisão
Moreno claro, negro desbotado, castanho amarelado
Cor de outono, cor de junho

Essência negra
em uma pele que se quer branca

Eis um cenário onde todo azul
quer ser verde
onde todo preto
quer ser branco

Eis uma essência de múltiplas cores
transvestidas em rostos
transbordando o emaranhado de toda uma gente

Uma essência de rosas
salmão, marrom
alvo amarelo

O mesmo rosto,
diversas marcas de uma mesma
descrição

Sou da cor do povo
polvo
um mesmo coração



~~

Esse poema, sem rimas, me veio enquanto observava a exposição Polvo de Adriana Varejão. Porém, não é preciso rimar quando se precisa apenas encaixar as palavras a seus sentidos. Galpão Fortes Villaça, até 17/05.

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