sexta-feira, dezembro 24, 2010

Em cada dia primeiro um novo cheiro de mar

Ao passo em que andava pela orla refletia sobre quantos grãos de areia eram necessários para se ter um mar. Desde manhã caminhando pela praia sabia que a próxima volta traria o sol mais ardente. Pensava sobre seus dias vividos desde o começo daquele mês que modificará estupidamente a sua vida. Entretanto, achando se o máximo do alento pensará que todos os meses foram diversos.

Enquanto os dias decorriam livremente no primeiro semestre daquele ano, corando os rostos das crianças no parquinho próximo a sua casa, ele se achava obscuro demais por ter planejado sonhos para 12 meses.
Não valeria a pena viver em planos, sempre soube que isso era apenas uma maneira de consumir mais e mais. Sempre achou que as pessoas se iludiam demais traçando metas, mas agora tinha quase certeza de que certas ilusões salvam almas de se esvaziarem por completo.
Da lista jogada ao mar dentro de uma garrafa no primeiro dia do ano, apenas uma ou duas coisas haviam decorrido como o planejado, as demais insistiam em ficar para um próximo ano, tão distante quanto à data em que fizera esses pedidos pela primeira vez.
Ao passo que os dias chuvosos se tornavam agradáveis as esperanças se dissipavam como fumaça. Um dia de chuva geralmente não é tão apreciado quanto um dia de sol, mas enquanto se dorme a chuva é bem vinda. Ele sempre se indagara por que preferia dormir sem chuva e acordar sem dias de sol.
Chegava ao fim mais um longo rápido ano, pois todos sabemos que quando pensamos em que data do ano vivemos, sempre se sabe que será a mais próxima do fim e finalmente vamos ter certeza de que não fizemos nada do que planejamos. Um ano deveria ter mais que 12 meses.
As contradições dos pensamentos de atos passados iam e viam como as ondas do mar que particularmente hoje estavam calmas. Talvez fosse porque até o mar sabia que mesmo em tempos corridos um, ou dois dias de calmaria eram necessários.
Quando se revoluciona um ideal é porque de alguma forma você percebeu que ele valeria à pena. E esse era o maior avanço que Paulo conquistara neste ano. Talvez ele não se desse conta naquele instante, mas sabia que o próximo ano não seria igual ao que passou. E que dias de calmaria servem mais para um descanso do mar e deleite dos pescadores, do que para balanço de frustrações e vitórias.
Ao entardecer percebemos o quão importante foi nosso dia. Ao iluminar dos primeiros fogos é que percebemos a necessidade de ir e vir, como o mar em sua imensidão.

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